O Espaço de Saúde Unidade Corpo e Mente promove o diálogo entre a Psicologia, numa perspectiva Gestáltica, e a medicina, na sua especialidade de Endocrinologia e Clínica Médica, a respeito de ser o organismo uma só unidade, compreendendo que o que ocorre em uma parte afeta o todo.
Compreendemos que os processos de saúde e adoecer se dão no campo organismo-ambiente de forma indissociável, por isso somos unidade.
Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Especialista em Clínica Médica pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Especialista em Endocrinologia e Metabologia e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) desde 1999. Atuou como médica Emergencista (Clínica) no período de 1995 a 2008 (Emergência do Hospital Universitário - UFSC) e como médica no Serviço de UTI móvel, do SOS Unimed em Florianópolis de 1998 a 2011. Atualmente trabalha como Coordenadora Clínica do Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina/SES/UFSC e atua como Endocrinologista e Clínica Médica no Unidade Corpo e Mente - Espaço de Saúde.
A tireóide é uma glândula em forma de borboleta (com dois lobos), que fica localizada na parte anterior do pescoço, logo abaixo da região conhecida como Pomo de Adão. Ela tem um peso aproximado de 15 a 25 gramas num adulto e sua função é produzir, armazenar e liberar hormônios tireoideanos, Tiroxina - T4 e Triiodotironina-T3, na corrente sangüínea. Estes hormônios agem em quase todas as células do corpo, e ajudam a controlar suas funções.
Se os níveis de T4 e T3 no sangue estão baixos, o corpo funciona mais lentamente, denominando-se hipotireoidismo. Neste caso o coração tende a bater mais devagar, o intestino prende, a pele e os cabelos podem ficar mais ressecados e as unhas quebradiças. Há possível que ocorra aumento de peso e dos níveis de colesterol. Elevam-se as chances de ocorrer depressão, de cansaço excessivo, sonolência, dores musculares e articulares e diminuição da memória entre outros sintomas.
Se existe um aumento dos níveis dos hormônios tireoidianos no sangue, o corpo trabalha mais rapidamente, denominando-se hipertireoidismo. Quando isso ocorre o coração bate mais rápido, a pessoa tende a ficar agitada, irritada, pode apresentar tremores, perda de peso, insônia e intestino solto.
A quantidade de hormônios tireoideanos produzidos pela tireóide é controlada por uma glândula que se encontra no cérebro, chamada hipófise que produz o hormônio estimulador do Tireóide (TSH). O hipotálamo que também se localiza no cérebro, produz o hormônio liberador do TSH (TRH) e também ajuda a controlar a Tireóide.
A maioria dos casos de hipotiroidismo e de hipertiroidismo são ditos primários, isto é, são originários de alterações na própria glândula tireóide. No hipotiroidismo primário os exames normalmente indicam altos níveis de TSH (hormônio estimulador da tireóide) e baixos níveis de T4. Isto indica que quando a tireóide começa a ter diminuição de sua função, a hipófise começa a produzir mais TSH na tentativa de estimular a tireóide a funcionar melhor. No hipertireoidismoprimário acontece o oposto, ou seja, os exames indicam baixos níveis de TSH e altos níveis de T4, visto que a hipófise diminui a sua função na tentativa de não estimular a tireóide.
Além das alterações na função tireoidiana (hipo ou hipertiroidismo) a glândula tireóide também pode sofrer outras alterações. Um dos problemas mais freqüentes são os nódulos, que não apresentam sintomas. Estima-se que 60% dos brasileiros tenham nódulos na tireóide em algum momento da vida. O que não significa que sejam malignos. Apenas 5% dos nódulos são cancerosos. O reconhecimento dos nódulos precocemente através da palpação da tireóide é fundamental para o diagnôstico e tratamento. Uma vez identificado o nódulo, o endocrinologista solicitará exames para confirmar a presença ou não do câncer.
A avaliação médica contempla a identificação de sinais e sintomas, palpação da glândula tireóide, solicitação e análise de exames complementares. O acompanhamento é fundamental para o diagnóstico e intervenção terapêutica. Nas consultas periódicas são realizados o ajuste adequado de doses medicamentosas e o encaminhamento para cirurgia quando houver nódulos malignos ou suspeitos.
Existem dois tipos principais de diabetes. O tipo mais comum e conhecido é o Diabetes Mellitus e o outro tipo denomina-se Diabetes Insipidus.
Diabetes Mellitus: É uma doença caracterizada por uma insuficiente ação/produção do hormônio insulina. Esse hormônio regula as taxas de glicose (açúcar) no sangue. Quando há deficiência de insulina a glicemia (açúcar no sangue), permanece alta, levando a uma série de sinais e sintomas: polidipsia (muita sede), poliúria (a pessoa urina muito), cansaço, fraqueza, polifagia (muita fome), perda de peso, dores nas pernas, entre outros.
Os três principais tipos de Diabetes Mellitus são: Diabetes Mellitus tipo 1 (DM 1), Diabetes Mellitus tipo 2 (DM 2) e Diabetes Gestacional.
Diabetes Mellitus tipo 1: Inicia-se na infância ou adolescência. Raramente no adulto jovem. Caracteriza-se pela destruição total das células beta do pâncreas, que são as responsáveis pela produção de insulina. Essa destruição ocorre por que organismo da pessoa produz anticorpos que agem contra as células beta, destruindo-as completamente. Neste caso pessoa com DM 1 terá de tomar insulina para baixar os níveis de glicose e evitar as complicações agudas e crônicas do diabetes. Atualmente existem vários tipos e apresentações de insulina. A maioria são injetáveis, ou seja o medicamento é aplicado via subcutânea com o uso de seringas ou canetas para aplicação. Também foi lançada a insulina inalável que permite a absorção da insulina via inalação. Além de usar a medicação, é fundamental que o diabético tenha uma alimentação saudável e pobre em carboidratos simples, principalmente os açúcares.
A prática orientada de exercícios físicos regulares é importante. O acompanhamento clínico, o auto monitoramento da glicose, e os exames laboratoriais, vão avaliar se o tratamento efetuado está ou não adequado.
Diabetes Mellitus tipo 2: Habitualmente inicia-se após os 40 anos de idade, porém atualmente tem iniciado em idades inferiores. Isto ocorre devido ao atual estilo de vida onde se ingere grande quantidade de calorias e gasta-se muito pouco. A grande maioria dos casos ocorre em pessoas com sobrepeso ou obesidade. Inicialmente a pessoa pode até produzir quantidades normais de insulina, no entanto em virtude de resistência a açúcar deste hormônio às células beta do pâncreas, acabam por produzir quantidades de insulina progressivamente menores até que o indivíduo torne-se diabético. O tratamento consiste em mudanças do estilo de vida (emagrecimento, alimentação balanceada e prática de atividades físicas), aliadas ao uso de medicamentos utilizados por via oral. Numa fase mais avançada pode haver falência pancreática e o diabético poderá necessitar do uso da insulina.
Diabetes Gestacional: Ocorre durante a gestação. Habitualmente após a vigésima semana. O tratamento baseia-se primariamente em mudanças alimentares. Caso os níveis de glicose permaneçam altos, pode ser necessário uso da insulina. Neste caso somente as injetáveis são utilizadas.
Lembre-se: Nos três tipos de Diabetes Mellitus o acompanhamento médico regular é fundamental para manter os níveis de glicose normalizados e evitar as complicações da doença.
Complicações Crônicas do Diabetes Mellitus
Retinopatia Diabética: Níveis elevados de açúcar no sangue fazem com que pequenos vasos sanguíneos fiquem obstruídos, ocasionando problemas de visão, podendo levar a cegueira. Pelo menos uma vez por ano o paciente deve consultar um oftalmologista para avaliação.
Nefropatia Diabética: Quando os níveis de glicose permanecem muito tempo elevados no sangue, os rins param gradualmente de funcionar, podendo ser necessário a realização de diálise. Isso poderá ocorrer após vários anos de Diabetes descompensado.
Neuropatia Diabética: Com muitos anos de Diabetes descompensado pode ocorrer lesão nos nervos periféricos, levando a perda de sensibilidade nas extremidades, sensação de ardência na planta dos pés, problemas para manter relações sexuais, para ir ao banheiro e problemas de digestão.
Obesidade é o excesso de gordura corpórea.
Atualmente, é considerada como uma doença crônica, com sérios riscos para a saúde e como tal, requer tratamento médico. Estima-se que no Brasil, 40% da população esteja com peso acima do desejado, sendo que 32% da população apresenta sobrepeso e 8% obesidade.
O excesso de peso ocorre devido a um desequilíbrio entre a quantidade de calorias consumidas em relação à quantidade de calorias queimadas. Assim o excesso de gordura na alimentação e/ou falta de atividade física são causas importantes para a obesidade. Este excesso de peso se relaciona direta ou indiretamente, com maior risco de desenvolvimento de diabetes, hipertensão, aumento do colesterol, infarto e risco de mortalidade. Assim, tratar o excesso de peso não é apenas uma questão de estética.
Felizmente, uma perda de 5 a 10% do peso pode representar grande ganho para a saúde com melhora da qualidade de vida. Com esta perda de peso pode-se esperar redução significativa da pressão arterial, dos níveis de colesterol, prevenção ou melhora do Diabetes, impacto positivo na fertilidade, entre outros benefícios.
Porém, os especialistas concordam que esta perda de peso deve ser mantida ao longo do tempo, ou seja, não adianta perder peso hoje e recuperá-lo novamente em poucos meses.
Graduada em Psicologia pela Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL. Especialista em Gestalt-Terapia pela Comunidade Gestáltica - Clínica e Escola de Psicoterapia. Mestra em psicologia na Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC na linha de pesquisa: Representações Sociais do Envelhecimento do Laboratório de Psicologia Social da Comunicação e Cognição - LACCOS. Especialista em atenção à saúde da pessoa idosa pelo Núcleo de Estudos da Terceira Idade - NETI/UFSC. Atuação profissional na área de psicologia clínica com atendimento individual de adult@s e pessoas idosas. Orientadora de prática clinica e docente de pós graduação em Gestalt-terapia na Clínica e Escola Comunidade Gestáltica.
Gestalt é uma palavra alemã de difícil tradução em outras línguas, sendo dessa forma adotada no mundo inteiro. Gestalten significa dar forma, dar uma estrutura significante (Ginger, Ginger, 1995).
Historicamente a Gestalt Terapia teve como fundador Frederick Salomon Perls (1893-1970) conhecido como Fritz Perls. A abordagem emerge num contexto de I e II Guerras Mundiais de uma Alemanha nazista repleta de ideologias discriminatórias e fantasias coletivas. A Gestalt Terapia recebe forte influência do movimento de Contracultura na Europa que ansiava a libertação das regras burguesas dominantes no contexto.
As experiências de Perls com a psicanálise, o teatro, a arte, a couraça muscular de Reich e o encontro com Kurt Goldstein, que realizava estudos com soldados no pós-guerra, contribuíram para a criação da Gestalt Terapia. Em 1941 Fritz publicou sua primeira obra Ego, Fome e Agressão cujos elementos desembocaram mais tarde no nascimento oficial da Gestalt Terapia, que considera um contato direto e autêntico entre o cliente/paciente e o terapeuta.
Em 1951 a obra de Perls, Gestalt Therapy marca o início oficial da nova prática, contemplando aos exercícios práticos a importância do momento presente, do corpo, a responsabilidade pelos sentimentos, as sensações e evitações de contato.
O primeiro Instituto de Gestalt foi criado em 1952 por Fritz e Laura em Nova Iorque. Dirigido por Paul Goodman e Paul Weisz, praticavam psicodrama de Moreno, awareness sensorial e adaptações da catarse emocional dos traumas passados. Aos mais conservadores, tais práticas eram bastante criticadas e logo nasceu uma segunda geração de gestaltistas. Fritz viajou ao redor do mundo e experimentou a cultura oriental, o zen budismo e a filosofia holística. Estava com 70 anos vivendo em Esalen São Francisco e decidiu praticar laboratórios e formação profissional em Gestalt. O sucesso era lento e a espera cansativa. Em 1968, aos 75 anos, Perls vivia num momento cultural fértil para a Gestalt: o movimento do protesto jovem, o amor e não a guerra, era a cultura da paz e amor. Em 1969 torna-se célebre com o livro Dentro e fora da lata de lixo, uma autobiografia onde apresenta os caminhos da Gestalt. Em 14 de março de 1970, aos 77 anos, Fritz Perls faleceu, deixando seu legado tal qual uma obra de arte, com variações de formas e mistura de cores.
A Gestalt-Terapia como abordagem fenomenológico-existencial-dialógica consiste na descrição do fenômeno e não na interpretação, no lidar com a existência humana presente e não com o problema apresentado, no encontro entre seres humanos de forma que a realidade vivencial desses interfere-se entre si.
É possível entender diálogo como o estabelecimento do contato verbal e não verbal entre pessoas e dialógico como a exploração de como se dá a ocorrência desse diálogo no campo presente, considerando a singularidade de cada pessoa envolvida nesse encontro.
A filosofia dialógica da relaão eu-tu e eu-isso foi criada por Martin Buber (1878-1965) a fim de acolher a alteridade e a singularidade de cada pessoa envolvida no encontro. A posição relacional eu-tu direciona-se a entrega, ao entre, ao dialógico, afirmando cada pessoa em sua totalidade permitindo o contato. Ainda assim, não é possível manter-se apenas nessa posição, faz-se necessário voltar a própria experiência para atribuir significado a ocorrência da relação eu-tu. Assim a posição relacional eu-isso se direciona a um objetivo que envolve consciência, reflexão e discernimento. Pensar sobre o outro é estar na relação eu-isso e sua função é dar significado ao vivido a fim de cada pessoa envolvida no encontro ficar com a ocorrência que lhe cabe. Retomar a relação eu-tu torna-se importante para não coisificar o outro.
A postura do Gestalt-Terapeuta exige alternância entre os pólos eu-tu e eu-isso na realização do trabalho terapêutico: a posição relacional eu-tu possibilita o ser com o cliente, estar inteiro, na entrega do encontro e a posição relacional eu-isso acontece quando ocorrido o encontro torna-se possível identificar as formas do como este contato foi vivenciado em suas possibilidades e seus limites.
Os aspectos que norteiam a postura do gestalt terapeuta a partir da filosofia dialógica de Buber são a presença, a inclusão, confirmação e comunicação genuína. A presença se constitui em olhar para o outro como a pessoa que ele é, com suas próprias necessidades diferente de mim. A inclusão é a busca em se colocar o mais próximo possível da experiência do outro, numa posição frente ao outro, num movimento que transcende a empatia. Não há primazia nem do eu nem do outro. A confirmação consiste em afirmar a experiência singular, a vivência emocional da outra pessoa como ser humano. A comunicação genuína é estar com o outro num diálogo sem a priori e sem reserva, seja através de palavras ou em silêncio.
Uma postura Fenomenológico-Existencial-Dialógica demanda do terapeuta a abertura para o encontro, para o desdobramento do encontro dialógico com o cliente garantindo condições de possibilidades desse encontro a fim de possibilitar ao cliente a awareness da potência de sua existência, sua superação e atualização de seus vividos. Awareness é uma forma de experenciar. É o processo de estar em contato vigilante com o evento de maior importância no campo organismo-ambiente, com suporte sensório-motor, emocional, cognitivo e energético. A experiência se dá na fronteira entre o organismo e seu ambiente (Perls, Hefferline, Goodman, 1997).
A filosofia da gestalt serve como uma orientação de vida, um lembrete de que a consciência é sempre útil, e oferece técnicas e estratégias específicas que podemos usar para caminhar em direção a uma maior tomada de consciência. Cada um de nós tem áreas de clareza e áreas de obscuridade. Cada um de nós tem áreas de experiência humana, onde vemos claramente e movimentamo-nos facilmente e outras onde ainda estamos confusos (Perls, 1977).
Referências
Perls, F., Hefferline, R., Goodman, P. (1997) Gestalt-Terapia. Sumus Editora (p. 41).
Perls, F. (1977) Isto é Gestalt. São Paulo. Summus (p. 15).
Na perspectiva contemporânea, a Gestalt Terapia considera o ser humano em sua relação com o mundo para além da presença de sofrimento psíquico. O psicólogo clínico ao considerar cada ser humano como único em sua singularidade, amplia sua visão para diferentes situações de vida dessa pessoa, na presença ou ausência de sofrimentos.
Quanto à demanda terapêutica são possíveis duas formas de ações que diferem entre si: a terapêutica e a psicoterapêutica. O trabalho terapêutico está focalizado em uma das partes do todo. O foco é circunstancial e situacional, como no caso do processo de adoecimento e hospitalização. O trabalho psicoterapêutico envolve não apenas o foco situacional/circunstancial e sim a dinâmica de vida da pessoa envolvida, possibilitando a reflexão e o reconhecimento de como tratar o modo ou o enfrentamento de determinada situação vivida aparece da mesma forma na dinâmica de vida da pessoa. A Gestalt Terapia está à disposição de ambas, tanto do trabalho terapêutico como psicoterapêutico, através do método fenomenológico-existencial-dialógico.
No ponto de vista da Gestalt-Terapia, a pessoa é concebida como um processo permanente de autodefinição, um ser em constante construção, isto é, a pessoa é aquilo que está sendo, permanentemente responsável por seu cuidar-se e modificar-se. Há sobre a noção de pessoa como impermanente, constantemente renovada e relacional, que a Gestalt-Terapia alicerça sua perspectiva psicoterapêutica.
Nesse sentido o papel do terapeuta direciona-se ao desatar os não da existência, cuidar do ser e ensiná-lo a cuidar de si, favorecendo o desvelar das próprias possibilidades e limites. Cabe destacar que o psicoterapeuta não deve ter um ideal de homem em sua concepção, e atentar ao fato de que não sabe mais de seu cliente do que ele próprio sabe de si. O objetivo como terapeuta é ampliar o potencial humano através do processo de integração, apoiando os interesses, desejos e necessidades genuínas da pessoa (Perls, 1977).
O primeiro passo da terapia é permitir ao cliente que faça descobertas a partir de sua própria forma, a fim de facilitar o continumm de awarenss.
Nunca alguém sabe mais sobre si, do que a pessoa que se encontra no lugar de cliente (Perls, 1977).
O referencial filosófico da Ética para a Gestalt-Terapia sustenta-se na definição da postura humanista baseada no contínuo crescimento do ser humano, na busca pelo sentido de estar no mundo e da auto-realização na sociedade, onde cada pessoa é criador de sua própria vida. A postura Ética do gestalt terapeuta constitui-se no campo, é uma experiência viva presente em diferentes contextos e situações que permite o direito de expressão e manifestação espontânea.
A postura terapêutica da Gestal-Terapia está orientada para o fluxo de figura-fundo, o processo de contato e o diagnóstico relacionado aos ajustamentos saudáveis e disfuncionais do organismo/ambiente. Os aspectos fundamentais para o início de um processo terapêutico são a compreensão e escolha, contempladas com a entrevista inicial e o pensamento diagnóstico. A entrevista inicial é o primeiro contato presencial do cliente com o terapeuta, um momento espontâneo de mapeamento de quem é essa pessoa que procura o terapeuta, como expressa sua dor e sofrimento emocional, físico e relacional (Schillings, 2000), momento esse que favorece o início da formação do pensamento diagnóstico.
O pensamento diagnóstico processual envolve aquilo que o cliente leva consigo para o encontro aliado aquilo que toca o terapeuta, é o conhecimento que se dá através da relação, no processo de campo, onde terapeuta e cliente intervém. A questão central do diagnóstico em Gestalt-Terapia é buscar no fundo a compreensão da figura, relacionando o aqui-e-agora do cliente ao lá então de sua existência. É necessário reconhecer aquilo que funciona na existência do cliente e aquilo de disfuncional no seu existir. As técnicas da Gestalt-Terapia para integrar a personalidade dos clientes estão baseadas nas funções de contato e no experimento, ou seja, no vivenciar da relação entre cliente e terapeuta.
Cabe ressaltar que a relação é mais importante do que a técnica em si, desde que os pressupostos filosóficos do terapeuta sejam coerentes com a visão de homem e de mundo que este assume. O principal instrumento é o vínculo terapêutico terapeuta-cliente onde cada terapeuta é único na sua forma de estar com o cliente, uma vez que em Gestalt Terapia não se vai corrigir uma disfunção ou re-compor uma função e sim resgatar o contato da pessoa com seu mundo de forma fluida.
Perceba-se, esteja presente. Esteja presente, realmente presente- e você não precisa se preocupar com nada. Sem medo. É ai que está a ausência de medo. (...) Apenas perceba-se, esteja presente.
Referências:
Stevens, B. (1970). Não apresse o rio (ele corre sozinho). Círculo do Livro S.A. São Paulo. Brasil (p. 241).
Holanda, A. F. Peres, M. B. (2004) A noção de angústia na prática clínica: aproximações entre o pensamento de Kierkegaard e a Gestalt-Terapia. Disponível em:
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Perls, F. (1977) Isto é Gestalt. São Paulo. Summus (p. 22).
Schillings, A. I. (2000) Pensamento clínico processual I “ Entrevista Inicial. Comunidade Gestáltica.